sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Quatro anos

      Resolvi voltar a escrever. Depois de quatro anos sem conseguir colocar absolutamente nada pra fora voltei aqui. Tudo começou com um bloqueio e quando eu vi nunca mais consegui colocar no papel - ou no computador - qualquer sentimento meu. Acho que no fundo eu pensava que trancando minhas emoções dentro de mim elas iriam ficar ali quietinhas sem incomodar. Voltei pra faculdade, mudei de emprego, mudei de amigos, mas os malditos sentimentos nunca mudaram. Amadureci, quebrei a cara e aprendi que ninguém deve reciprocidade pra ninguém, que apesar de ser algo essencial, deve vir naturalmente. Descobri que a maioria das pessoas se aproxima da gente porque quer algo em troca, mas depois que consegue evapora. Descobri que amor é só de pai e mãe mesmo - no meu caso só de mãe - porque está difícil de encontrar pessoas que valham a pena, e quando encontramos quase sempre é a hora errada. Outro dia eu conversei com aquele carinha que tanto me fez feliz no passado, o coração se aqueceu por um segundo e eu lembrei de como é bom isso. Daquela época pra cá só encontrei gente que me fez de tonta e que eu não quero nem lembrar. Já me apaixonei algumas vezes e cheguei a conclusão que o amor real está praticamente extinto. Mas tem um amor que cresce cada dia mais - graças a deus - que faz mulheres desistirem de relacionamentos que só fazem mal a elas, que faz com que elas se sintam lindas e poderosas: sim, ele, o amor próprio. As vezes custa a gente aceitar nosso corpo como é, nossa personalidade bagunçada do jeito que é, mas quando a gente aceita; acredita em mim; é bom demais da conta. Hoje o texto é corridinho e bem variado, mas é só pra dizer que eu voltei.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Ele era

      Ele era pisciano, tinha um jeito único e distante, era impossível se sentir completa perto dele, porém é impossível se sentir completa sem ele. Tudo nele era imensidão, o amor, a felicidade, a raiva, nada era o que parecia. A superfície dizia muito pouco sobre ele. Se envolvia tanto nas situações, que parecia não estar nem aí, ajudava tanto as pessoas que parecia fútil, acreditava na bondade das pessoas que quase parecia uma falsa ingenuidade. Mas não era, não mesmo. Ele era bom, tinha o melhor coração que eu já conheci, e me pertencia. Mas nunca tinha certeza de nada, era instável e não fazia planos, éramos tão diferentes. Ele acreditava no nosso amor por nós dois, não tinha os pés no chão e cometia erros como qualquer um. Tinha defeitos, mas também possuía qualidades incríveis. Ele me fazia rir como ninguém mais fazia. E isso bastava.
      Eu o amava, e isso é fato. Ele sorria e de repente meu mundo parecia mais bonito. Ele fazia tudo por mim, mas não era o suficiente, porque não nascemos para ficarmos juntos, apenas para nos apaixonar. Apenas para aprendermos um com o outro, e guardar lembranças que nunca sairão dos nossos corações. Uma vez, ele me ensinou a jogar os meus pensamentos para o espaço, pois ele voltam com brinde. Admito que isso nunca funcionou comigo, apenas quando eu estava com ele, e então percebi: ele me ensinou a acreditar em algo. Se me perguntassem quem ele é, eu diria: a melhor pessoa que eu conheci, e agradeço a Deus por ter vivido ao lado dele por um determinado tempo, pois não é sempre que conhecemos pessoas extraordinárias.
      Ele me mudou. Graças a ele me tornei uma pessoa melhor. Menos fútil, menos egoísta e mais positiva. Eu cresci e ajudei-o a crescer. Nós ajudamos um ao outro. Ok, não existe mais "nós" porque eu acabei com o que tínhamos, e de certa maneira eu estou bem com isso. Mas não significa que eu deixei de amá-lo, porque acredite: quando a gente ama alguém, esse sentimento dura pra sempre. Eu apenas queria dizer que ele é o amor da minha vida, apesar das idas e vindas, ele é parte de mim e não importa quantos outros apareçam, nada vai apagar o que foi vivido.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Um lugar qualquer

    Era um lugar como outro qualquer, tinha casas, prédios e árvores, tinha um sol e um chão. Tinha a porcaria da sinaleira que não abria nunca, e os pedestres agitados e apressadas, sei lá eu o porque. Tinha pessoas feias, bonitas, engraçadas, assustadoras. Era o lar de alguém, o motivo de alguém ter partido, talvez o motivo de uma volta. As folhas rodopiavam, o vento as guiava de um lado para o outro, e cada vez mais, graças ao outono. Era frio demais pra essa época do ano, mas o sol insistiu em aparecer naquela tarde. Os raios me impediam de enxergar, era um dia muito claro. Eu precisava chegar em algum lugar, qualquer lugar feliz. E acho que cheguei, mas a porcaria da sinaleira não abria. Passavam crianças com seus pais, provavelmente querendo ir brincar no parque, ou comer uma porção de batatas fritas - deduzo eu, bom é o que eu faria - os pais com cara de quem não aguenta mais a vida, aquele lugar, aquelas lembranças.
    Mas pra quem chega, parece um lugar tão acolhedor, caloroso, feliz. Ruas bonitinhas, limpinhas. Calçadas cheias de plantas, flores, rosas, tulipas, copos de leite, orquídeas, margaridas, tantas outras, são tão bonitas. Tinha um parque também, com brinquedos, mesas e cadeiras pintadinhas de vermelho e branco. E adivinha: mais e mais flores. Árvores com frutos, que delicia! Crianças correndo e escalando elas, com a finalidade de conseguir a façanha de pegar uma maçã. Era perfeito, era tudo que eu precisava, mas a porcaria da sinaleira não abria. Casais felizes passavam de mãos dadas, esfregando na caras daqueles que não conheciam o amor, como é bom ter alguém. O amor pairava naquele lugar, era impressionante, me invadiu de uma maneira assustadora, logo eu que não me encanto mais com nada, me encantei tanto com está cidade.
    Alguém buzinou - Droga, eu pensei - abriu a sinaleira e eu nem percebi, estou indo embora deste lugar perfeito. Talvez eu volte, talvez não. Infelizmente preciso voltar pra minha vida, para o meu lugar de fato. Mas como esse, nunca vai existir, parecia aqueles vilarejos de filme, onde todo mundo se conhece, onde todo mundo é feliz. Em parte eu gostaria muito de viver num lugar assim, mas por outro lado, eu não sou como esse lugar; sou infeliz por natureza, sempre vejo o lado ruim das coisas, eu não mereço esse lugar.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Olhos de ressaca

      O olhar dela, ele trazia a alma, luz, amor, tudo que poderia existir dentro daquele corpo magro. Como dizem - os olhos são a janela da alma - Quem disse? Eu não lembro. Mas é verdade, ela tinha olhos expressivos, quase que sofridos, oprimidos, mas tinha uma certa agressividade naqueles olhos. Como um oceano negro, repleto de escuridão, que esconde toda a fragilidade e inocência de uma alma perdida, vagando por aí. Olhos grandes, como duas penicas que correm de um lado para o outro. Dentro deles percebia-se, era apenas a ponta do iceberg, lá dentro tinha tanto a se descobrir, tanto a se explorar, seria uma aventura e tanto. E a pupila dilatada mostra como aquela alma é tocada com facilidade, qualquer movimento brusco, qualquer olhar imprevisível, faz ela se afastar como se fosse um bicho selvagem.
      E a dona daqueles olhos? Era magra, baixa e branca, sem nenhuma beleza em especial. Era sem graça, chegando direto ao ponto. Talvez se fosse mais vaidosa, eu não sei, quem sabe? Ela sabe. Não a conheço, apenas vejo todos os dias, ela sentada na parada esperando o ônibus. Os seus mistérios, eu realmente gostaria de decifrar, descobrir o porque daqueles olhos de ressaca. Mas eu sou apenas um cara, e ela é apenas uma moça, sem nenhuma característica atrativa, mas por algum motivo aqueles olhos me fazem querer conhecê-la e descobrir o motivo de tanta dor acumulada.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A verdade nua e crua

       Então eu me deparo com aquele sentimento que a gente têm ao se apaixonar pela primeira vez, será que vai dar certo? Será que eu não vou quebrar a cara? Mas essa coisa que eu sinto não é em relação a nenhum garoto - acredito estar madura o suficiente pra ser totalmente pé no chão em relação a eles - mas sim as coisas que passamos ao longo da vida, as amizades que nos marcam tão profundamente que é impossível esquecer. Muitas vezes deixamos de nos importar consigo mesmo, para ajudar quem a gente gosta, mas será que as pessoas fariam isso por nós? Eu e essa minha mania de me jogar de cabeça nas coisas, nas amizades, nos momentos. Sou tão intensa quanto profunda, e me exponho muito pra quem não merece. Às vezes fico parada repassando alguns acontecimentos na minha mente, analisando os meus erros graças a minha falta de jeito de lidar com as coisas. Eu falo demais, confio demais e consequentemente me decepciono demais.
      Aprendi desde cedo que devo plantar o bem para colher o amor, ou seja, ao tratar os outros bem, serei tratada da mesma forma no futuro. Mas isso nunca acontece de fato. Sou usada e depois me jogam fora. Sou descartável. Deve estar escrito na minha testa: Me use e depois me jogue fora. Meu problema é acreditar demais nas pessoas, dar duas, três chances pra quem não merece nem mesmo uma. As pessoas não me conhecem de fato, não conseguem me decifrar, não conseguem ler nas entrelinhas o que eu quero dizer nos meus textos complexos e tristes. Eu só grito entre uma palavra e outra, que preciso de alguém que me entenda, alguém que assista um filme e coma todas as porcarias do mundo comigo, alguém que eu possa contar meus problemas amorosos e que não me julgue. Na verdade, eu só não quero ser abandonada como sempre. Só pra variar eu quero alguém que realmente se importe.
      Ao longo da minha vida conheci inúmeras pessoas que tornaram cada momento especial e que eu nunca irei esquecer. Mas sempre tem aquelas que nos marcam de uma forma, que fica difícil substituir. Corrigindo, impossível. Sou uma boba depressiva e bipolar que precisa frenéticamente de alguém a cada minuto. Sou vulnerável e fraca demais, não consigo ficar sozinha sem me sentir abandonada. Apenas quando eu quero estar sozinha, eu não me sinto dessa forma. A verdade nua e crua disso tudo que eu to tentando escrever é que; sempre irão me jogar fora, porque mesmo lutando contra isso, não consigo conter a vontade de me entregar às pessoas, não dá. Eu quero ajudar, quero me importar, quero ser importante na vida das pessoas. E dessa forma eu acabo sendo "nada", porque todo mundo prefere aquilo que não tem, aquilo que é difícil demais. E infelizmente meu coração é muito grande, não consigo negar ajuda nem pra um inimigo. Meu maior defeito é me importar com gente que não merece
      Mas às vezes a gente conhece alguém, que nos preenche tão profundamente que fica difícil encontrar outra pessoa que nos faça sentir da mesma maneira. De todas as formas de amor que existe, eu acredito que todas elas fazem de nós quem somos, e sem o amor somos vazios. Precisamos encontrar parte de nós por ai, mas algumas delas insistem em ficar longe.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Maktub

      Maktub: Estava escrito. Era pra acontecer. É uma palavra árabe, de uma cultura tão diferente da nossa, porém nos une de uma forma incrivelmente natural. Nos une porque todos nós, em algum momento da nossa vida, acreditamos que algo foi destinado a nós, seja um amor, uma amizade, um acontecimento. É como se nada fizesse sentido, e de repente, você pensa: não importa, isso era pra acontecer, porque me trouxe até aqui. E como acontece com todos, já aconteceu comigo. Levei tanto na cara, já estou tão quebrada por dentro que nem dói mais. Já desacreditei em bondade, sinceridade, hoje usaria aquele clichê: estou cansada de tanta falsidade. Já perdi amigos que até hoje sinto falta, e que não importa o que eu faça eles não vão mais voltar, porque a vida segue. E eu segui também, cresci e vi: nada acontece por acaso, estava escrito. Tudo que eu passei, hoje faz sentido, porque agora eu estou feliz e tenho pessoas de verdade ao meu lado.
      Se o universo conspira ao nosso favor, isso eu realmente não sei. Mas uma vez alguém me disse que se eu enviar meus pensamentos para o universo eles voltam com brinde. E esse alguém é o meu brinde, porque meus pensamentos sempre foram e sempre vão ser dele. Mas voltando, acho realmente intrigante a nossa existência, o quão vazias podem ser as pessoas, e quanta dor elas podem guardar num só corpo. Outras são tão brilhantes, que ofuscam o brilho alheio, e como a inveja pode contaminar uma relação. Mas estava escrito, tudo que acontece, tem o propósito de nos proporcionar um novo ideal, um novo ponto de vista. A existência humana é tão brilhante quanto repugnante. Tudo que há de mais belo na nossa raça, cada dia que passa desaparece. Mas o brilho do que existe dentro de nós vai sempre iluminar o que há de mais sombrio no mundo.
      Em relação ao nosso brilho, eu realmente acredito nisso. Existem pessoas que brilham mais do que as outras. Simples e supérfulo. Existem pessoas que vivem de superfícies, mas existem outras que vivem de profundidade, que apreciam os detalhes, que não se contentam com um "sim" ou "não", elas querem muito mais. Pessoas como eu. Pessoas que quebram a cara muito constantemente, porque acreditam no bem e na mudança das pessoas. Mas pra elas, o destino guarda muitas coisas boas. Pois quando a gente menos espera, a vida nos presenteia. Às vezes eu fujo um pouco do assunto, eu sei, mas e daí? O blog é meu. Ok, maktub, qual é a primeira coisa que lhe vem a cabeça ao ler esta palavra? Eu duvido que ela toca alguém tanto quanto me toca, eu sou toda cheia de mistérios e esquisitices, então tudo que é realmente estranho me fascina. Não que isso seja estranho, mas eu nunca parei pra pensar nesta palavra, aliás, nunca fez diferença nenhuma na minha vida. Aí um cara, o cara, me fez ver o real sentido da palavra.
      Aquele cara, pelo qual eu moveria montanhas, que eu faria tudo para tirar toda ou qualquer dor de dentro dele, e colocaria dentro de mim mesma, sem pensar duas vezes. O cara que eu deixei me levar o resto das nossas vidas, simplesmente porque eu quis. Eu não saberia explicar meu sentimento, porque talvez tudo que eu diga, faça com que pareça menos, então é melhor não dizer nada. Mas eu não consigo, porque às vezes sinto vontade de gritar que preciso dele, que eu sou eternamente grata por ter sido salva por ele. E o maior significado de maktub, pra mim, se resume nele. Porque ele brilha mais do que qualquer um, porque a profundidade dos olhos dele me fascina e faz com que eu queira entrar dentro deles. Porque os braços dele são o lugar mais seguro em que já estive. Maktub não significa estava escrito à toa.
      É fato que em dias de chuva eu ganho muita inspiração, mas assuntos como esse, me inspiram demais. Tudo que não pode ser explicado com fórmulas ou palavras óbvias, me interessa muito. Tudo que pode ter mais do que um significado me chama muita atenção. E em cada palavra que eu escrevo nesta crônica, mais eu tenho certeza de uma coisa: nada é em vão, nada acontece por acaso. Maktub, estava escrito.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Eu esqueci de tomar o remédio

Passei o dia inteiro pensando no que escrever, me esforçando em encontrar um assunto relevante, só pra escrever besteiras sobre ele. Política? Não, obrigada. Minha cidade? Eu já queria ter saído daqui. Falar sobre o que eu quero fazer num futuro recente, quem sabe ioga ou academia? Hmmm Chato, chato, chato. Colocar desesperadamente os meus sentimentos pra fora, cuspindo reclamações sobre todos? É, parece mais a minha cara. Escrever sobre algo que realmente importa nunca foi de meu interesse, prefiro complicar ainda mais essa teia de aranha chamada vida. 
Hoje eu esqueci de tomar meu remédio, pra variar. Essa coisa de ter horários certos e cumpri-los é tão não-eu, já fazer tudo meio errado e torto é extremamente eu. Chegar atrasada nos lugares é uma coisa que me persegue, acordar atrasada então. É impossível de controlar, acontece dentro de mim. Como quando você se apaixona, ou vê uma roupa nova e sem pensar, acaba pensando: Eu quero! Aí você finge que as roupas que tem tapam o buraco do sábado à noite, quando percebe que não tem nada pra vestir, e acaba pegando emprestado. E Lá no fundo, inevitavelmente, pensa: porque não comprei aquela roupa? A comparação ficou meio estranha, mas faz sentido pra mim. É apenas algo que não dá pra controlar. Não dá e acabou! Não há como explicar algo que nem a gente entende. Esquecer de tomar o remédio ou acordar atrasada, vem de dentro de mim. Assim como esse buraco que consiste em mim, que puxa pra si qualquer raio de luz. Eu sou dessas complicadas e chatas, sabe? Que fica vendo coisa onde não tem, que acha problema mesmo quando tudo está uma maravilha. Confio desconfiando. Não sou prática. Se ele não me ligou, pode ser que encontrou uma velha amiga e saiu com ela, e acabou rolando alguma coisa, ou que saiu com os amigos e ficou com dez daquelas vadias-estraga-namoro. Quando o anjinho estava com dor de cabeça, acabou dormindo e esqueceu de ligar. Não sou dessas mulheres práticas, que tomam decisões e não sentem nem falta do que deixou para trás. Choro que nem bebê. Como que nem um filhote de dinossauro – principalmente em dias depressivos – e durmo mais do que uma preguiça. Falando em dias depressivos, eles são um saco, porque num momento estou triste e poderia me atirar da minha janela, já no instante seguinte tudo vira flores. Essa troca de, porque não dizer, humores cansa mais do que uma maratona. Imagine: Você chora desesperadamente porque seu namorado disse que está cansado do relacionamento, aí assiste um seriado e de repente não faz mais sentido ficar triste, porque se contagia com a vida dos personagens, onde até a mais gordinha tem namorado, e fica alegre e vê o mundo com esperança e tem vontade de sair correndo e gritando e rindo! Começa a arrumar o quarto, limpa canto a canto, acende um incenso e quando para, olha pela janela e de repente nada disso fez sentido nenhum. Aí você pensa, o que eu faço? Será que só eu sou assim? Essa confusão sou eu. Mas eu gosto de ser assim, antes ser o que eu sou do que essas mulheres vazias que não conseguem nem descrever a si mesmas. Eu sou profunda (uauuu) existe muito mais em mim do que os outros podem ver. Existe um rio, um mar, um céu, anjos, pessoas boas e animais falantes! Eu sou como um livro de histórias loucas, daquelas que impressiona até adultos que passam seus dias nos escritórios fazendo dinheiro e esquecendo-se de viver. Mas poucas pessoas, ou talvez nenhuma conseguem enxergar tudo isso. Talvez se conseguirem, talvez se eu deixe que decifrem, no final das contas eu posso até ajudar alguém, apenas com palavras. Ou talvez eu acabe matando alguém de vez. De uma coisa eu sei: ninguém nunca vai poder dizer que me conhece, que sabe o que se passa na minha cabeça. A imensidão que eu sou seria quase admirável se não me desestruturasse a cada dia. Eu esqueci de tomar o remédio.